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9.08.2011

DEISCÊNCIA DE FERIDA CIRÚRGICA I

Identificação
Nome: M. A. M. L.
Idade: 66 anos
Sexo: Feminino
Estado Civil: Casada
Profissão: Vice Diretora de Escola Aposentada

Residente: Santos


Grau de Escolaridade: Ensino Superior Completo
H.D.M.A. (História Pregressa da Moléstia Atual)
Paciente internada em 29/06/2011 em um Hospital Público de Santos, diagnosticada com CA Vaginal (adenocarcinoma em biópsia realizada em 07/02/11) + Tumor de 17 cm de Ovário D (diagnosticado em TC de abdome em 30/03/11+ CA de Bexiga (cistoscopia em 27/04/11). Deambulando sem dificuldades, pesando 79Kg, em bom estado geral, com discreta anemia por conta de sangramento vaginal intermitente há mais de 6 meses, sem necessidade de reposição sanguínea. Realizou a 1a. Laparotomia no dia 01/07/11 na qual foi detectado também um tumor de aproximadamente 20 cm no intestino, comprometendo o trânsito intestinal (oclusão intestinal). Realizada Histerectomia parcial (mantido o colo uterino), anexotomia bilateral e colostomia terminal. Mantida dieta zero, apenas com liberação de água em pequena quantidade. Não houve funcionamento da colostomia
 
Reoperada em 07/07/11 após desabamento da colostomia. Apresentava baixa de potássio, que não foi reposta antes do procedimento cirúrgico. Durante a cirurgia, apresentou arritmia cardíaca (fibrilação atrial), sendo encaminhada à U.T.I.. Mantida dieta zero até dias 12/07/11, quando foi liberado chá e água. 

A colostomia funcionou após realização de lavagem com Solução Glicerinada gota a gota. Recebendo alta da UTI dia 14/07/11.

No dia 19/07/11 foi observado pela equipe médica a perda de sustentação de 5 pontos que mantinham a colostomia aderida ao abdome, sendo realizado procedimento de ressutura no próprio quarto, com anestesia local. 

A colostomia mantinha funcionamento após liberação de dieta pastosa, sendo liberada alimentação leve, no entanto a aparência do estoma era inadequada, com grande quantidade de fibrina, abertura da parede abdominal de dimensão superior ao tamanho do cólon, dificultando a aderência do intestino e cicatrização.

Paciente recebeu alta hospitalar no dia 22/07/11, deambulando com dificuldade (utilizando-se de andador), não conseguia levantar-se espontaneamente. Desnutrida. Edemaciada 4+/4+, pesando 94Kg.  

Dia 25/07/11 apresentou novo desabamento da colostomia sendo reinternada na mesma instituição hospitalar.

Abaixo, imagens da colostomia no dia 25/07/11: Diâmetro de aproximadamente 65mm 



Realizada 2a. Laparotomia no dia 26/07/11 para fechamento da antiga colostomia e realização de novo estoma.

25/07/11
HGB - 8,2 / HCT - 26,4 - Hipocromia (++), Anisocitose (+), Micrócitos (+)
Realizada Transfusão Sanguínea 2 unidades.
27/07/11
HGB - 10,6 / HCT - 33 

Recebeu alta Hospitalar no dia 01/08/2011. (HGB - 9.9)
Condições gerais da alta: Edemaciada 4+/4+, alimentando-se em quantidade menor do que antes das internações, anêmica.
Medicamentos em Uso:

Antibioticoterapia (Ciprofloxacino + Flagyl), Cloridrato de Metformina (hipoglicemiante oral), Besilato de anlodipino (anti anginoso), Sinvastatina (para redução dos níveis de colesterol), Dipirona se necessário (analgésico).

Realizado retorno com a Equipe de Cirurgia Ginecológica em 08/08/11 (12o. P.O. da 2a. Laparotomia), em que foram retirados os pontos de incisão cirúrgica, apresentando deiscência de aproximadamente   8,5 cm na parte superior e 3,5 cm na parte inferior.

Iniciados curativos oclusivo compressivos com DUODerm CGF (ConvaTec) placa de 15x20 cm no dia 09/08/11. 

DuoDERM® CGF é um curativo adesivo estéril, hidrocolóide, com fórmula de controle de gel.
Os hidrocolóides (carboximetilcelulose sódica, pectina e gelatina) estão contidos dentro da matriz de polímeros elastoméricos que aumentam a capacidade de conter o exsudato formando um gel coesivo e sobre esta há uma camada de espuma de poliuretano.
O curativo auto-aderente absorve o exsudato e promove um ambiente úmido que favorece o processo de cicatrização e auxilia na remoção de tecido desvitalizado da ferida (debridamento autolítico) sem danificar o tecido recém-formado.
DuoDERM® CGF age como barreira para a ferida contra a passagem de bactérias, vírus (incluindo o HIV-1) e outras contaminações externas enquanto o curativo permanecer íntegro.

Indicações
  • Abrasões, lacerações, cortes superficiais, queimaduras, rachaduras de pele
  • Úlceras de perna, úlceras por pressão e úlceras diabéticas
  • Feridas cirúrgicas
  • Feridas externas causadas por trauma
Contra - Indicações
Indivíduos sensíveis ou que tiveram qualquer reação alérgica ao curativo ou a um dos seus componentes.

Precauções e Observações 
  • Durante o processo normal de cicatrização, o tecido desvitalizado pode levar a ferida parecer aumentada após as primeiras trocas do curativo.
  • Não são recomendadas trocas freqüentes em presença de pele adjacente lesada. A ferida deve ser observada durante as trocas do curativo.
  • Consulte um profissional de saúde se for observado: irritação, maceração, hipergranulação, sensibilidade, sinais de infecção, modificação na coloração e/ou odor, aumento da ferida após as primeiras trocas do curativo, a ferida não demonstrar sinais de cicatrização ou se ocorrer qualquer sintoma não esperado.
  • Medidas de suporte apropriadas, como controle de doenças de base, antibioticoterapias sistêmicas e monitorização de feridas infectadas, são necessárias quando clinicamente indicado.


Instruções de Uso 
Preparação e Limpeza da Ferida
  • Antes de usar o curativo, lave a ferida com solução salina e seque apenas a pele adjacente. O tamanho do curativo a ser aplicado deve exceder a ferida em pelo menos 3cm.

Aplicação do Curativo 

1. Remova o papel no verso do curativo, com cuidado para minimizar o contato dos dedos com o curativo.
  
2. Segure o curativo sobre a ferida, alinhando o centro do curativo com o centro da ferida.
  
3. Cuidadosamente coloque o curativo sobre a ferida.
  
4. Modele o curativo adequadamente na ferida.
  
5. Fixe as bordas do curativo com adesivo hipoalergênico se desejar segurança extra.
  
 6. Descarte qualquer porção do curativo não utilizada.

NOTA: O curativo deve ser avaliado com frequência para verificar se há vazamento ou desprendimento das bordas. Se alguma destas situações ocorrer o curativo deve ser trocado. Como o curativo absorve o exsudato, o gel formado pode ser perceptível pela parte externa do curativo. O tempo de uso recomendado é de até 7 dias.
Remoção do Curativo 
  • Segure a pele com uma mão e cuidadosamente levante uma extremidade do curativo. Cautelosamente remova o curativo da ferida.
  •  
    Segue abaixo acompanhamento fotográfico da evolução da ferida cirúrgica:

    14/08/11 Ferida com deiscência superior de aproximadamente 8,0 cm na parte superior e de 3,5 cm na parte inferior.





    16/08/11 Ferida com deiscência superior de aproximadamente 7,0 cm na parte superior e de 3,0 cm na parte inferior. Com grande quantidade de exsudato inodoro, saindo à expressão, de coloração translúcida amarelada (similar a transudato peritoneal). 









    4 comentários:

    Dilmara disse...

    Fiquei impressionada e chocada mas o assunto foi apresentado com muita seriedade e compet6encia. Parabéns

    Dilmara disse...

    Fiquei impressionada e chocada mas o assunto foi apresentado com muita seriedade e compet6encia. Parabéns

    Ana Carolina disse...

    Obrigada Dilmara...

    Ana Paula disse...

    Nossa. Até eu fazer minha otoplastia nunca tinha visto isso antes. Minha orelha direita está com dois buraquinhos da largura de um prego mais ou menos. Será que cicatriza sem precisar fazer nova sutura? Nos casos de cirurgias que já foram retirados os pontos como a minha, o melhor é deixar o local aberto e seco ou fechado com pomada de neomicina? Obrigada. Você me ajudou muito com seus esclarecimentos no blog. Abraço.